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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Perdoar 70 x 7 vezes (Mt 18,21-35.19,1) (13/08/09)

Este evangelho é anunciado logo após Jesus ter tratado do pecador incorrigível, caso extremo que leva a excomunhão. Neste contexto, Ele passa à situação contrária e bem mais comum do perdão e da reconciliação dentro da comunidade. A situação é a mesma: "Se teu irmão tiver pecado..." Mas neste caso, o pecador escuta a parte ofendida, ou algumas testemunhas, ou toda a comunidade. Mas, outra questão surge.. Quantas vezes essa pessoa deve ser perdoada? Pedro, novamente como porta voz do grupo, responde a si mesmo, com o que imagina ser uma resposta generosa: "Até sete vezes?" Porem Jesus o corrige e surpreende quando responde: setenta vezes sete. Não se deve entender literalmente este número, mas sim com o simbolismo que ele traz em si. Na Bíblia, o 7 tem significado de totalidade, plenitude, completação. Assim é vingado Caim (Gn 4,24a).

Quando aparece multiplicado por ele mesmo, como no caso de Lamec, vingado por setenta vezes sete (Gn 4,24b), não significa excesso, mas sim a retirada do limite implicado na totalidade. Essa mesma idéia de totalidade, plenitude, do numero sete, é usada no Novo Testamento. São sete os pães multiplicados e sete os cestos de pedaços que sobraram (Mt 15,34.37). O que deve ser apreendido deste trecho é que ao cristão não cabe colocar limites ao perdão.

Para melhor esclarecer o perdão sem limites, Jesus usa como exemplo, a parábola do devedor implacável. Esta parábola é  uma outra forma narrativa para o segundo pedido que fazemos ao rezar o Pai Nosso: "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nos perdoamos aos que nos ofenderam" (Mt 6,12). Desta maneira, Ele evidencia que a disposição de Deus para nos perdoar depende da nossa disposição de perdoar os que nos ofendem. Devemos identificar o rei, da parábola, com Deus. Notemos que esse rei é tratado como senhor,  exige uma prestação de contas, e demonstra  sua misericórdia ao perdoar a dívida enorme. Entretanto, o servo implacável nada aprende com o exemplo de seu rei e age de forma cruel com outro servo, que lhe é devedor, fato que resulta na revogação do seu perdão. 

Este trecho do evangelho nos adverte de que o perdão de Deus, e inesgotável, mas está condicionado a nossa disposição de perdoar os outros. Mostra-nos também que até o perdão concedido por Deus pode ser revogado, se não soubermos, como Ele, perdoar. Cuidem-se! Os implacáveis São excluídos da misericórdia divina, e aqueles que desejam receber essa misericórdia, precisam ser misericordiosos com os outros.

O evangelista termina sua narrativa dizendo que Jesus, tendo terminado esses discursos, deixou a Galileia, entrando no território da Judéia. Para melhor compreender esta focalização, e preciso esclarecer que, para Mateus, a Galileia é lugar de revelação (cf.4,12-17) e a Judéia é o lugar de rejeição e morte. Sabendo disso, fica claro que este texto de Mateus tem a intenção de orientar as comunidades cristãs sobre como lidar com problemas de busca de posição, escândalo, deslizes, reconciliação e perdão.

 

Maria Cecília  

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7 comentários:

  1. jesus sempre esta certo na sua infinita sabedoria

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  2. Interessante abordagem! Gostaria de acrescentar as apresentadas no post http://celsojardim.blogspot.com.br/2010/10/70x7-muito-mais-que-um-simples-produto.html que a meu ver completa o entendimento do texto.

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  3. gloria a DEUS, JESUS NOSSO REI ETERNO

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  4. se é que a idéia aqui ensinada tenciona enfatizar unicamente a “ilimitada” misericórdia de Deus para com o pecador arrependido, o produto poderia perfeitamente ser substituído por... 1000 (mil), por exemplo, e a resposta de Jesus soaria mais ou menos assim: “Não te digo que até sete vezes, mas até mil vezes”, e isto sem prejuízo do sentido, com a vantagem de que “mil” é um número de valor absolutamente maior que o produto (70x7 = 490).
    Além do mais, mil tem status de ser um número bíblico. Pedro o mencionou ao afirmar que “para com o Senhor, um dia é como “mil” anos, e “mil” anos como um dia” (II Pdr. 3:8); ainda, no capítulo 20 do Apocalipse ele aparece triunfante, com dupla aplicação, a primeira na prisão milenar de satanás; a segunda, no milênio glorioso dos Santos no céu, (Apoc. 20:1-6). Mas, em detrimento das razões aqui arroladas e por mais fortes que possam ser os argumentos a favor do número “mil”, Jesus preferiu (70x7)! Longe de mim, a pretensão de substituir qualquer porção das Escrituras Sagradas e ser por isto, amaldiçoado conforme (Apoc. 22:19), porém, creio que o sábio mestre de Nazaré pretende ensinar-nos uma verdade bem maior e mais urgente! Saiba mais no seguinte post: http://celsojardim.blogspot.com.br/2010/10/70x7-muito-mais-que-um-simples-produto.html

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