O Amor Sentimental e o Amor Comportamental
Nesta passagem do Evangelho, Jesus nos ensina que a base dos seus ensinamentos é o amor a Deus e ao próximo.
A caridade é a manifestação de nosso amor a Deus, através do amor que dedicamos ao próximo. A palavra amor, em português, tem um significado muito amplo, mas no grego são palavras distintas o "amor sentimental" e o "amor comportamental". O primeiro nós desenvolvemos junto às pessoas de nossa convivência ou pela empatia para com o próximo. O segundo, porém, é exigido para todo ser humano. Por isso é difícil compreendermos quando Jesus nos pede para amarmos os nossos inimigos. Se não conseguirmos o nosso sentimento de amor, é indispensável o nosso comportamento de amor, que exige o respeito por sua dignidade humana, a ausência do sentimento de rancor ou vingança, o esforço para aliviar o sofrimento alheio e o empenho para sua conversão ao bem.
São Paulo nos ensina que a caridade é a maior das virtudes (I Coríntios 13,2): "Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda ciência: mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada". A caridade nos acompanhará por toda a eternidade, quando a fé e a esperança se tornarem realidade (I Coríntios 13,8): "A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará". Ele ainda descreve as características para reconhecermos a verdadeira caridade (I Coríntios 13,4-7): "A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
Essa virtude nós aprimoramos somente através do exercício, isto é, da prática contínua em nossas ações até conseguirmos inseri-la naturalmente em nosso comportamento cotidiano.
José Machado Filho
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